terça-feira, 23 de novembro de 2010

Paragem Cardio-respiratória

Paragem cardio-respiratória


Em Janeiro de 2005 deu-se uma nova reviravolta com a nossa vida.
O Hélder foi internado no hospital de Bragança na sequência de uma gripe. A pediatra achou melhor que a medicação fosse administrada por via intra-venosa, para que o seu efeito fosse mais rápido, para isso era necessário internamento.
No dia 18 entrou no internamento e dia 19 vivemos o nosso pior pesadelo.
O Hélder encontrava-se a fazer uma inalação de oxigénio quando de repente a máquina começou a apitar. Chamei a enfermeira e ela foi a correr chamar pediatra, que por sorte se encontrava no serviço.
O Hélder estava em paragem cardio-respiratória………….
Em menos de 2 minutos o quarto encheu-se de médicos e enfermeiros que tapavam o meu menino. Eu deixei de o ver mas percebi perfeitamente o que se estava a passar: eu estava a perder o meu menino. Depois de 10 longos minutos em que assisti a massagem cardiorespiratoria, entubação e eu sei lá mais o quê, o Hélder começou a reagir.
O Hélder ficou ligado ao ventilador mas o prognóstico não era nada favorável. Os pulmões e os rins pararam, bem como os restantes órgãos. A pediatra pediu-me para chamar a família e disse que o Hélder tão tinha capacidade física para recuperar. E disse que estávamos na recta final.
Muito mais havia para dizer sobre as 3 longas semanas no hospital, com o Hélder a mostrar melhoras inimagináveis para os médicos. A pediatra chegou a dizer-me que não conseguia explicar a recuperação do menino e que, se não foi um milagre, então andou lá perto.
Milagre? Porque não? Se calhar foi mesmo, mas não foi por falta de orações de toda a família e amigos.
Depois deste episódio, cai numa profunda depressão, deixei de dormir, de comer, deixei-me ir ao fundo do poço.
Mas o que interessa é que o Hélder melhorou muito. Ficou com hemiparésia do lado direito, o que veio piorar a nossa vida. Perdeu o pouco equilíbrio que ainda tinha, tem períodos em que a alimentação é muito difícil porque tem muita dificuldade em mastigar e engolir os alimentos.Continua com varias convulsões diárias mas aprendemos a viver com isso.
O Hélder recebeu alta do Hospital de S. João em Novembro de 2006, passando a ter as consultas no hospital de Bragança, que entretanto já tinha serviço de neurologia. Numa última conversa com a médica do Hélder, ela reafirmou que o Hélder “é uma força da natureza” e que já demonstrou claramente que os prognósticos médicos nem sempre estão certos. Esta conversa encheu-me de orgulho. E se á coisa de que eu me orgulho nesta vida é de ser mãe do Hélder.
A médica disse também que deveríamos aproveitar cada dia, cada minuto como se fosse o último e é isso que eu tento fazer a cada instante que partilho com o Hélder. Aprendi a viver assim e isso traz-me uma grande paz interior.



6 comentários:

  1. que momento angustiante... sem palavras ao imaginar o sofrimento deste momento...

    ResponderEliminar
  2. É de facto muito dificil, nem sequer é possivel descrever por palavras. É sem dúvida o pior pesadelo de uma mãe: ver o seu filho á beira da morte e nada poder fazer para ajudar. Graças a Deus ele teve força a voltar para nós.
    Obrigada pelas suas palavras, espero que nunca passe pela mesma experiencia.

    ResponderEliminar
  3. Boa Hélder!!! Ainda há muito para viver. Deste força para que a tua mãe se aguenta-se!
    Qeu continue a mimocar o seu filho com toda a paz e serenidade que precisam para ficarem ambos bem!
    um a braço apertadinho
    sonia

    ResponderEliminar
  4. Obrigada pelas suas simpáticas palavras.Boa sorte para si também.
    Manuela

    ResponderEliminar
  5. Pedro Miguel03/02/11, 09:45

    Apenas vi esta mensagem porque neste momento a minha familia vive uma situação complicada e semelhante. No entanto muita força para si e para todos aqueles que viveram e vivem o momento. Aproveite a vida e espero que tenha muita coragem e felicidade.

    ResponderEliminar
  6. Não sei exatamente qual a situação do seu filho mas sei que a força e a fê dos pais pode fazer toda a diferença,mesmo quando nos dizem que estamos na recta final, que já não há qualquer esperança.Por isso, tenham essa força e essa fê e nunca desistam do vosso(a) filho(a).
    Estou convosco em pensamento e espero que as coisas melhorem para vocês.

    ResponderEliminar